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Uma vida mais feliz para os adolescentes de Jijoca de Jericoacoara
Com o projeto Ressignificando Vidas, crianças e adolescentes em situação de violência autoprovocada têm acesso a atendimento psicossocial e escuta terapêutica em Jijoca de Jericoacoara (CE).
Equipe e beneficiários do projeto Ressignificando Vidas.
Um paraíso na terra. É assim que a maioria dos turistas descrevem Jijoca de Jericoacoara (CE), cidade cujo mar e lagoas de coloração azul clara encantam os turistas que visitam a região. Mas perto das indescritíveis dunas brancas do Parque Nacional de Jericoacoara, ocultam-se problemas que preocupam sua comunidade: há uma forte demanda por atendimento psicossocial entre as crianças e adolescentes do município, especialmente por conta de casos de violência autoprovocada (termo que abarca ideação suicida, autoagressões, tentativas de suicídio e suicídios) — uma reação a violências anteriores.
Para enfrentar essa questão, surgiu o projeto Ressignificando Vidas, que trabalha na mitigação e prevenção desse tipo de violência entre crianças e adolescentes por meio da escuta terapêutica e de orientações psicossociais realizadas em escolas do município. Os efeitos positivos da iniciativa têm reverberado por toda a cidade.
“Quando idealizamos esse projeto, não sabíamos que a demanda era tão grande. Nós estamos percebendo que o adoecimento emocional tem sido o mal do século. A violência autoprovocada tem diversos fatores determinantes, de origem biopsicossocial. Mas, sem sombras de dúvidas, a maioria das manifestações é reflexo de violências psicossociais anteriores, de cunho estrutural”, explica Josedna Dias, coordenadora geral do projeto.
Um paraíso na terra. É assim que a maioria dos turistas descrevem Jijoca de Jericoacoara (CE), cidade cujo mar e lagoas de coloração azul clara encantam os turistas que visitam a região. Mas perto das indescritíveis dunas brancas do Parque Nacional de Jericoacoara, ocultam-se problemas que preocupam sua comunidade: há uma forte demanda por atendimento psicossocial entre as crianças e adolescentes do município, especialmente por conta de casos de violência autoprovocada (termo que abarca ideação suicida, autoagressões, tentativas de suicídio e suicídios) — uma reação a violências anteriores.
Para enfrentar essa questão, surgiu o projeto Ressignificando Vidas, que trabalha na mitigação e prevenção desse tipo de violência entre crianças e adolescentes por meio da escuta terapêutica e de orientações psicossociais realizadas em escolas do município. Os efeitos positivos da iniciativa têm reverberado por toda a cidade.
“Quando idealizamos esse projeto, não sabíamos que a demanda era tão grande. Nós estamos percebendo que o adoecimento emocional tem sido o mal do século. A violência autoprovocada tem diversos fatores determinantes, de origem biopsicossocial. Mas, sem sombras de dúvidas, a maioria das manifestações é reflexo de violências psicossociais anteriores, de cunho estrutural”, explica Josedna Dias, coordenadora geral do projeto.
Ressignificando vidas na prática
Jovens beneficiários acompanham palestra na sede do projeto.
Antes de o projeto ser iniciado, o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente de Jijoca de Jericoacoara realizou um breve diagnóstico. A identificação de diversos casos de violência autoprovocada entre os jovens apontou que, mesmo com o município possuindo uma rede já estabelecida e articulada de atendimento à criança e ao adolescente, havia a necessidade de atendimento específico para esse público. Assim, a Secretaria do Trabalho e Assistência Social foi escolhida pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente para ser a unidade executora do Ressignificando Vidas, em parceria com as secretarias da Educação e Saúde.
Para elaborar seu plano de ação, a equipe se inspirou em um projeto do Ministério Público do estado do Ceará, o Preservando Vidas, que trabalha no mesmo nicho, mas atendendo a todas as faixas etárias. “Em nosso projeto, realizamos um recorte de público, atendendo crianças, adolescentes e suas famílias”, comenta Júlio César, Coordenador Adjunto do Ressignificando Vidas.
Antes de o projeto ser iniciado, o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente de Jijoca de Jericoacoara realizou um breve diagnóstico. A identificação de diversos casos de violência autoprovocada entre os jovens apontou que, mesmo com o município possuindo uma rede já estabelecida e articulada de atendimento à criança e ao adolescente, havia a necessidade de atendimento específico para esse público. Assim, a Secretaria do Trabalho e Assistência Social foi escolhida pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente para ser a unidade executora do Ressignificando Vidas, em parceria com as secretarias da Educação e Saúde.
Para elaborar seu plano de ação, a equipe se inspirou em um projeto do Ministério Público do estado do Ceará, o Preservando Vidas, que trabalha no mesmo nicho, mas atendendo a todas as faixas etárias. “Em nosso projeto, realizamos um recorte de público, atendendo crianças, adolescentes e suas famílias”, comenta Júlio César, Coordenador Adjunto do Ressignificando Vidas.
Os beneficiários que chegam ao projeto vêm tanto de buscas ativas realizadas pelo Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) e pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) da cidade, quanto de demandas espontâneas que surgem à medida que a iniciativa vai ficando conhecida entre a população, por meio dos canais de comunicação do projeto.
O Ressignificando Vidas possui dois pilares: a escuta terapêutica e as ações psicossociais em escolas. A escuta terapêutica busca dar o apoio emocional por meio do atendimento individualizado, e “tem como objetivo responder às questões urgentes, dando conta, com o mínimo de sessões necessárias, da demanda específica de cada atendido”, explica Mariana Oliveira, psicóloga do projeto.
Já as orientações psicossociais nas escolas promovem a intersetorialidade e levam para o espaço escolar as discussões, reflexões e orientações necessárias para o enfrentamento das violências. “As ações psicossociais servem para prevenir situações de risco e promover os direitos das crianças e dos adolescentes. Por meio delas, podemos levar informações importantes para os jovens”, explica Eric Mattos, também psicólogo do projeto. Além disso, nessas ações são trabalhados temas transversais da saúde mental, pautas importantes para a prevenção do surgimento ou agravamento do adoecimento psíquico.
O Ressignificando Vidas possui dois pilares: a escuta terapêutica e as ações psicossociais em escolas. A escuta terapêutica busca dar o apoio emocional por meio do atendimento individualizado, e “tem como objetivo responder às questões urgentes, dando conta, com o mínimo de sessões necessárias, da demanda específica de cada atendido”, explica Mariana Oliveira, psicóloga do projeto.
Já as orientações psicossociais nas escolas promovem a intersetorialidade e levam para o espaço escolar as discussões, reflexões e orientações necessárias para o enfrentamento das violências. “As ações psicossociais servem para prevenir situações de risco e promover os direitos das crianças e dos adolescentes. Por meio delas, podemos levar informações importantes para os jovens”, explica Eric Mattos, também psicólogo do projeto. Além disso, nessas ações são trabalhados temas transversais da saúde mental, pautas importantes para a prevenção do surgimento ou agravamento do adoecimento psíquico.
Ressignificando passados e construindo futuros
Mariana Oliveira, psicóloga do projeto, durante orientação psicossocial.
As histórias de superação de traumas permeiam o cotidiano da equipe, mas algumas delas se destacam. A psicóloga Mariana Oliveira se comove ao lembrar de João*, menino de 13 anos que conheceu em uma das visitas de orientação psicossocial em escolas. “Logo que começamos a conversar, perguntei como era a relação com a família, e ele mencionou situações de violência psicológica que sofria em casa, como ouvir que não era bem-vindo, e como isso o levava a cometer a violência autoprovocada”, relata Mariana.
A violência psicológica vivenciada por João era cometida principalmente por sua avó e seu tio, enquanto a mãe geralmente o defendia e o apoiava. “Eu o orientei a procurar estar perto da mãe, e ensinei também algumas técnicas de respiração para manter a calma, para que ele não causasse violência contra si mesmo”, conta Mariana. A psicóloga diz que, quando reencontrou o menino na semana seguinte, o que viu foi um adolescente mais animado, que encontrou uma saída escrevendo sobre seus sentimentos e se manteve calmo com os exercícios de respiração que havia aprendido. “E esse pequeno progresso já foi capaz de mudar a vida dele, já que João parou definitivamente com a violência autoprovocada”, complementa Mariana.
As histórias de superação de traumas permeiam o cotidiano da equipe, mas algumas delas se destacam. A psicóloga Mariana Oliveira se comove ao lembrar de João*, menino de 13 anos que conheceu em uma das visitas de orientação psicossocial em escolas. “Logo que começamos a conversar, perguntei como era a relação com a família, e ele mencionou situações de violência psicológica que sofria em casa, como ouvir que não era bem-vindo, e como isso o levava a cometer a violência autoprovocada”, relata Mariana.
A violência psicológica vivenciada por João era cometida principalmente por sua avó e seu tio, enquanto a mãe geralmente o defendia e o apoiava. “Eu o orientei a procurar estar perto da mãe, e ensinei também algumas técnicas de respiração para manter a calma, para que ele não causasse violência contra si mesmo”, conta Mariana. A psicóloga diz que, quando reencontrou o menino na semana seguinte, o que viu foi um adolescente mais animado, que encontrou uma saída escrevendo sobre seus sentimentos e se manteve calmo com os exercícios de respiração que havia aprendido. “E esse pequeno progresso já foi capaz de mudar a vida dele, já que João parou definitivamente com a violência autoprovocada”, complementa Mariana.
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É impressionante notar que, com uma única sessão de escuta terapêutica, é possível reverter situações de violência autoprovocada que já se estendiam por muito tempo. Para muitos, pode parecer pouco, mas realmente vidas são transformadas a partir desse trabalho.
"Mariana Oliveira
Psicóloga do Ressignificando Vidas.
Garantindo a continuidade
Em junho de 2022, o governo municipal formalizou o projeto em uma ação continuada, fazendo do Ressignificando Vidas uma lei municipal que garante às crianças e adolescente de Jericoacoara o acesso permanente à escuta terapêutica e orientação psicossocial. Ao mesmo tempo, a coordenadora Josedna começou a articular a integração do projeto com outros serviços. "Estamos realizando formações com os profissionais da rede de educação, saúde e assistência social para orientar sobre formas de lidar com a violência autoprovocada e os sinais que indicam a ocorrência do problema”, explica.
Com isso, a equipe espera promover a intersetorialidade do serviço, articulando outras secretarias municipais da região para que auxiliem na identificação e combate a esse tipo de violência. O Ressignificando Vidas já vem se movimentando nesse sentido desde sua idealização: no documento que instituiu o projeto, foi também aprovada a criação de uma comissão gestora intersetorial, formada por representantes de diversas secretariais municipais e órgãos que auxiliam no processo organizacional, no diálogo e no desenvolvimento e acompanhamento de ações.
* Nome fictício, criado para proteger a imagem do adolescente.
Com isso, a equipe espera promover a intersetorialidade do serviço, articulando outras secretarias municipais da região para que auxiliem na identificação e combate a esse tipo de violência. O Ressignificando Vidas já vem se movimentando nesse sentido desde sua idealização: no documento que instituiu o projeto, foi também aprovada a criação de uma comissão gestora intersetorial, formada por representantes de diversas secretariais municipais e órgãos que auxiliam no processo organizacional, no diálogo e no desenvolvimento e acompanhamento de ações.
* Nome fictício, criado para proteger a imagem do adolescente.