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Agricultura familiar e fortalecimento de laços comunitários no sul da Bahia
Com a Formação de Adolescentes Empresários Rurais da Agricultura Familiar, jovens de Presidente Tancredo Neves (BA) e outros municípios da região têm a oportunidade de prosperar em suas comunidades.
O objetivo do projeto, idealizado pela Casa Familiar Rural, é transformar meninos e meninas de 14 a 18 anos em empresários rurais.
Situada no baixo sul da Bahia, em uma região de Mata Atlântica remanescente, Presidente Tancredo Neves é um município com pouco menos de 30 mil habitantes. A economia da cidade gira em torno dos produtos agrícolas, comercializados na feira local, que sempre teve lugar de destaque no comércio da região. Esse comércio é abastecido pelas pequenas propriedades familiares que ocupam a zona rural da cidade.
Por não encontrarem condições de prosperar na atividade agrária, muitos jovens acabam mudando para as cidades. Idealizada há 20 anos para promover a permanência no campo com qualidade de vida e dignidade, a Casa Familiar Rural de Presidente Tancredo Neves desenvolveu o projeto Formação de Adolescentes Empresários Rurais da Agricultura Familiar, criado com o objetivo de ajudar os jovens da região a prosperarem em suas comunidades, contribuindo com o desenvolvimento local.
Situada no baixo sul da Bahia, em uma região de Mata Atlântica remanescente, Presidente Tancredo Neves é um município com pouco menos de 30 mil habitantes. A economia da cidade gira em torno dos produtos agrícolas, comercializados na feira local, que sempre teve lugar de destaque no comércio da região. Esse comércio é abastecido pelas pequenas propriedades familiares que ocupam a zona rural da cidade.
Por não encontrarem condições de prosperar na atividade agrária, muitos jovens acabam mudando para as cidades. Idealizada há 20 anos para promover a permanência no campo com qualidade de vida e dignidade, a Casa Familiar Rural de Presidente Tancredo Neves desenvolveu o projeto Formação de Adolescentes Empresários Rurais da Agricultura Familiar, criado com o objetivo de ajudar os jovens da região a prosperarem em suas comunidades, contribuindo com o desenvolvimento local.
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Vemos situações difíceis. O trabalho nas grandes propriedades costuma remunerar mal, além de ser uma atividade sazonal. Cultivos de subsistência, como o da mandioca, também geram pouca renda para os agricultores: vários quilos do produto são vendidos por poucos centavos. Assim, é necessário buscar alternativas.
"Thales Lima
Diretor executivo e de ensino da Casa Rural Familiar
Nessas duas décadas de existência, muitas histórias de transformação foram vividas dentro da Casa Familiar Rural. Anailton da Silva, o Nal, filho de agricultores da comunidade do Baixão, chegou ao projeto como mais um jovem em busca de alternativas. Hoje, aos 34 anos, ele continua na zona rural trabalhando com a terra, mas concilia a atividade com o cargo de vereador do município, utilizando seu mandato para defender e popularizar a bandeira da agricultura familiar.
Já Renata Silva, 20 anos, se formou em 2021 e superou o desafio de mostrar para o pai e os irmãos que ela, uma mulher, também tinha vocação para a lida no campo. Com o tempo, a garota provou o seu valor e hoje é uma referência não só para a família, mas para toda a comunidade: além de agricultora, Renata é presidente e líder de uma associação de mulheres doceiras.
Já Renata Silva, 20 anos, se formou em 2021 e superou o desafio de mostrar para o pai e os irmãos que ela, uma mulher, também tinha vocação para a lida no campo. Com o tempo, a garota provou o seu valor e hoje é uma referência não só para a família, mas para toda a comunidade: além de agricultora, Renata é presidente e líder de uma associação de mulheres doceiras.
Ivanete Santos, 35 anos, proveniente de uma realidade rural muito difícil, marcada pela pobreza e falta de oportunidades, encantou-se tanto com o que aprendeu na Casa que decidiu entrar para a equipe do projeto: “ela estudou aqui, tornou-se engenheira agrônoma e hoje é mãe, agricultora familiar e monitora na Casa, ajudando outros jovens”, conta Aletícia de Melo, responsável pela área de parcerias da Casa Familiar Rural.
Já Benivaldo dos Santos, 35 anos, chegou ao projeto em 2008 sem acreditar na agricultura familiar, totalmente descrente de que houvesse um modo de produção que fosse sustentável e lucrativo. Com o passar do tempo e a aquisição de mais conhecimento, as convicções do rapaz foram mudando e hoje ele é empresário rural e referência regional na produção de banana.
Já Benivaldo dos Santos, 35 anos, chegou ao projeto em 2008 sem acreditar na agricultura familiar, totalmente descrente de que houvesse um modo de produção que fosse sustentável e lucrativo. Com o passar do tempo e a aquisição de mais conhecimento, as convicções do rapaz foram mudando e hoje ele é empresário rural e referência regional na produção de banana.
O projeto na prática
Na Formação de Adolescentes Empresários Rurais da Agricultura Familiar, os jovens de Presidente Tancredo Neves aprendem sobre cultivo sustentável na prática.
A teoria também é parte importante da formação, que tem capacidade para atender até 115 jovens.
“Há 20 anos, esta região era muito conhecida pela monocultura, violência, pobreza e êxodo rural. Situações que persistem até hoje, mas em menor escala”, relata Thales Lima, diretor executivo e de ensino da Casa Rural Familiar. Na época, muitas famílias estavam preocupadas com seus filhos, que deixavam a zona rural da cidade em busca de uma vida melhor. A saída encontrada foi a criação de uma associação de pais, que discutia os problemas da vida no campo e buscava soluções. A iniciativa contou com a adesão de diversos pequenos proprietários e trabalhadores rurais e acabou se tornando a Casa Rural Familiar de Presidente Tancredo Neves, que desde 2009 é reconhecida como uma escola regular, oferecendo curso técnico em agropecuária integrado ao ensino médio.
A aposta mais recente da instituição é a Formação de Adolescentes Empresários Rurais da Agricultura Familiar. Apoiado pelo Amigo de Valor, este projeto atende filhos de agricultores entre 14 e 18 anos, oferecendo uma educação contextualizada à realidade rural onde os jovens vivem. A formação trabalha por meio da Pedagogia da Alternância, metodologia consagrada no meio rural: enquanto uma turma passa uma semana na instituição em período integral, nas duas seguintes atua em suas comunidades, desenvolvendo o conhecimento e a prática daquilo que aprenderam nas aulas.
“Há 20 anos, esta região era muito conhecida pela monocultura, violência, pobreza e êxodo rural. Situações que persistem até hoje, mas em menor escala”, relata Thales Lima, diretor executivo e de ensino da Casa Rural Familiar. Na época, muitas famílias estavam preocupadas com seus filhos, que deixavam a zona rural da cidade em busca de uma vida melhor. A saída encontrada foi a criação de uma associação de pais, que discutia os problemas da vida no campo e buscava soluções. A iniciativa contou com a adesão de diversos pequenos proprietários e trabalhadores rurais e acabou se tornando a Casa Rural Familiar de Presidente Tancredo Neves, que desde 2009 é reconhecida como uma escola regular, oferecendo curso técnico em agropecuária integrado ao ensino médio.
A aposta mais recente da instituição é a Formação de Adolescentes Empresários Rurais da Agricultura Familiar. Apoiado pelo Amigo de Valor, este projeto atende filhos de agricultores entre 14 e 18 anos, oferecendo uma educação contextualizada à realidade rural onde os jovens vivem. A formação trabalha por meio da Pedagogia da Alternância, metodologia consagrada no meio rural: enquanto uma turma passa uma semana na instituição em período integral, nas duas seguintes atua em suas comunidades, desenvolvendo o conhecimento e a prática daquilo que aprenderam nas aulas.
Atualmente, o projeto contempla 94 adolescentes — 56 meninos e 38 garotas. Em 2021, mais de 11 mil pessoas foram impactadas indiretamente pelo projeto, entre familiares e membros das comunidades de sete municípios da área de atuação da escola.
“Além dos altos índices de êxodo rural, também tínhamos um índice muito baixo de escolaridade, pois a educação formal oferecida não contemplava os filhos de agricultores, que tinham que cruzar grandes distâncias para estudar. Esses jovens, que muitas vezes estão defasados educacionalmente, se identificam quando chegam aqui, porque todos os componentes curriculares buscam fazer uma ponte com a temática da agropecuária”, explica Aletícia de Melo.
A metodologia específica, aliada à grande experiência da equipe do projeto faz dele uma ferramenta essencial para a transformação da realidade da cidade: de acordo com o IBGE, Presidente Tancredo Neves tem, hoje, uma taxa de escolarização de quase 100%. Além disso, há um significativo aumento na renda familiar dos beneficiários: segundo Thales, antes de frequentar a iniciativa, as famílias dos jovens atendidos costumam apresentar uma renda média muito baixa, boa parte oriunda de programas socioassistenciais. Já no processo de formação, de acordo com dados do final de 2021, a renda média foi de cerca de R$2.800. E esse valor foi calculado somente com base na rentabilidade dos projetos realizados na propriedade familiar, excluindo qualquer outra atividade remunerada ou benefício governamental.
O segredo? Ensinar práticas sustentáveis que aumentam a produtividade e a qualidade do que é colhido, tornando o pequeno produtor mais competitivo: no curso técnico em agropecuária, além de toda a formação de ensino médio regular, os meninos e meninas têm acesso a uma matriz curricular que promove o autossustento em suas comunidades, aliando a lucratividade ao respeito ambiental.
“Além dos altos índices de êxodo rural, também tínhamos um índice muito baixo de escolaridade, pois a educação formal oferecida não contemplava os filhos de agricultores, que tinham que cruzar grandes distâncias para estudar. Esses jovens, que muitas vezes estão defasados educacionalmente, se identificam quando chegam aqui, porque todos os componentes curriculares buscam fazer uma ponte com a temática da agropecuária”, explica Aletícia de Melo.
A metodologia específica, aliada à grande experiência da equipe do projeto faz dele uma ferramenta essencial para a transformação da realidade da cidade: de acordo com o IBGE, Presidente Tancredo Neves tem, hoje, uma taxa de escolarização de quase 100%. Além disso, há um significativo aumento na renda familiar dos beneficiários: segundo Thales, antes de frequentar a iniciativa, as famílias dos jovens atendidos costumam apresentar uma renda média muito baixa, boa parte oriunda de programas socioassistenciais. Já no processo de formação, de acordo com dados do final de 2021, a renda média foi de cerca de R$2.800. E esse valor foi calculado somente com base na rentabilidade dos projetos realizados na propriedade familiar, excluindo qualquer outra atividade remunerada ou benefício governamental.
O segredo? Ensinar práticas sustentáveis que aumentam a produtividade e a qualidade do que é colhido, tornando o pequeno produtor mais competitivo: no curso técnico em agropecuária, além de toda a formação de ensino médio regular, os meninos e meninas têm acesso a uma matriz curricular que promove o autossustento em suas comunidades, aliando a lucratividade ao respeito ambiental.
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Quando falamos em agricultura familiar, buscamos trazer a ideia da diversificação de produção, utilizando a propriedade em seu limite máximo, mas respeitando o meio ambiente — sem desmatamento
"Thales Lima
Diretor executivo e de ensino da Casa Rural Familiar