No dinâmico cenário econômico atual, o agronegócio desponta como um pilar fundamental do desenvolvimento nacional, contribuindo significativamente para o PIB do Brasil.
Para aqueles interessados em explorar as oportunidades desse setor, o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) se apresenta como uma porta de entrada estratégica.
Mais do que um instrumento de investimento, o CRA representa a chance de participar diretamente no financiamento de projetos agrícolas, beneficiando-se dos potenciais frutos dessa robusta indústria.
Descubra neste artigo como os CRAs podem ampliar suas possibilidades de investimento e fortalecer sua posição no mercado financeiro, enquanto impulsionam o agronegócio brasileiro.
O que é CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio)?
Um Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) é um título de Renda Fixa emitido por securitizadoras para angariar recursos que serão utilizados em atividades ligadas ao agronegócio.
Basicamente, ele existe para facilitar o acesso ao crédito por parte dos produtores rurais e empresas do setor agrícola, permitindo que eles antecipem receitas futuras provenientes de vendas de produtos agrícolas, insumos ou serviços.
Portanto, a importância do CRA reside em sua capacidade de atrair investidores interessados em aplicar recursos no agronegócio, oferecendo-lhes uma forma interessante de investimento com rentabilidade geralmente superior às demais aplicações da Renda Fixa.
Como funciona o investimento em CRA?
Investir em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) é relativamente simples e segue uma mecânica acessível:
- Emissão: uma securitizadora emite os CRAs em nome de produtores rurais ou empresas do agronegócio que precisam de financiamento. Esses produtores oferecem como garantia recebíveis futuros, como vendas de safras ou produtos agrícolas.
- Compra pelos investidores: investidores compram os CRAs. Cada título representa uma parte do crédito concedido aos produtores.
- Rentabilidade: os investidores recebem uma remuneração, que pode ser prefixada ou pós-fixada.
- Pagamento dos recebíveis: os produtores rurais pagam os recebíveis, que são repassados pela securitizadora aos detentores dos CRAs. Esses pagamentos podem ocorrer periodicamente ou no vencimento do título.
Quanto rende um CRA?
A rentabilidade de um Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) pode ser tanto prefixada quanto pós-fixada, dependendo das condições estabelecidas na emissão do título.
Em resumo:
- Rentabilidade prefixada: a taxa de retorno é determinada no momento da emissão. Por exemplo, um CRA pode oferecer uma taxa de juros fixa de 8% ao ano.
- Rentabilidade pós-fixada: a rentabilidade está atrelada a um índice de referência, como o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ou o CDI (Certificado de Depósito Interbancário).
- Rentabilidade híbrida: além disso, eles podem ter rentabilidade híbrida, isto é, mesclando dois tipos de taxas (pré e pós-fixadas).
A mecânica da rentabilidade ocorre com base nos pagamentos dos recebíveis pelos devedores (produtores rurais ou empresas do agronegócio) à securitizadora.
Então, esses pagamentos são repassados aos detentores de CRA na forma de juros e valor inicial investido, conforme acordado na emissão.
Dessa forma, os investidores recebem seus rendimentos conforme o cronograma estabelecido no título, seja ele periódico ou no vencimento do CRA.
Quem pode investir em CRAs?
Qualquer investidor pessoa física ou jurídica pode investir em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), desde que atenda às exigências mínimas estabelecidas pelas corretoras ou instituições financeiras que intermediam esses títulos.
Em termos de perfil de investidor, a adequação ao investimento em CRAs depende da tolerância ao risco e dos objetivos financeiros. Normalmente, eles são buscados por aqueles com maior disposição ao risco.
Em relação ao risco versus retorno, CRAs podem oferecer retornos potencialmente superiores aos de aplicações tradicionais de Renda Fixa, como CDBs e LCIs, devido à natureza específica dos recebíveis agrícolas e das notas de classificação de rating.
No entanto, também apresentam riscos associados ao setor agrícola, como variações climáticas, preço das commodities e inadimplência dos produtores.
Portanto, investidores com maior tolerância ao risco e que buscam diversificação podem considerar os CRAs como uma parte de sua carteira de investimentos, desde que compreendam os riscos envolvidos e façam uma análise criteriosa dos títulos antes de investir.
CRA x LCA: quais são as diferenças?
As principais diferenças entre CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) são:
Característica |
CRA |
LCA |
Lastro |
Lastreado em recebíveis do agronegócio, como vendas de produtos agrícolas, safras e outros. |
Lastreado em créditos de operações específicas do agronegócio, como financiamentos de atividades rurais. |
Emissor |
Emissão realizada por securitizadoras, envolvendo produtores rurais e empresas do agronegócio. |
Emissão feita por instituições financeiras, como bancos, cooperativas de crédito e sociedades de crédito. |
Garantia |
Garantido pelos recebíveis agrícolas provenientes das operações lastro. |
Garantido pelo crédito dos financiamentos concedidos ao setor agrícola. |
Público-alvo |
Destinado a investidores que desejam apoiar o financiamento do agronegócio através de recebíveis. |
Direcionado a investidores que buscam produtos de Renda Fixa lastreada em créditos agrícolas. |
Proteção do FGC |
Não há cobertura pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). |
É um investimento coberto pelo FGC. |
Isenção de IR |
É isento de Imposto de Renda para pessoas físicas. |
Também possui isenção de IR. |
O FGC garante até R$ 250 mil do total de créditos elegíveis contra o Santander e instituições do mesmo conglomerado financeiro.
A garantia é concedida por CPF/CNPJ e, no caso de contas ou investimentos conjuntos, o valor é dividido entre correntistas ou investidores.
A relação de créditos elegíveis com cobertura do FGC encontra- se no Anexo II, Art. 2º, da Resolução 4.222/13 do Conselho Monetário Nacional.
Enfim, depósitos e investimentos realizados após 21 de dezembro de 2017 possuem o teto de R$ 1 milhão por CPF/CNPJ a cada período de 4 anos consecutivos.
Prazos e liquidez
Os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) geralmente apresentam prazos de vencimento variados, que podem ir de meses, mais raros, até décadas.
Os vencimentos mais comuns costumam ser de médio a longo prazo, alinhados com os ciclos de produção agrícola ou os cronogramas de pagamento dos recebíveis.
Quanto à liquidez de mercado, os CRAs podem ser relativamente limitados em comparação a outros títulos tradicionais, como os do Tesouro Direto ou os CDBs.
Isso ocorre porque o mercado secundário para CRAs pode ser menos dinâmico, tornando mais desafiador encontrar compradores ou vendedores antes do vencimento.
Assim, investidores devem estar cientes de que podem enfrentar dificuldades para liquidar sua aplicação antes do prazo, se assim o desejarem.
Quais são as vantagens dos CRAs?
As vantagens dos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) incluem:
- Rentabilidade Atrativa: CRAs frequentemente oferecem taxas de retorno mais altas em comparação com outras aplicações de Renda Fixa, como CDBs e LCAs.
- Diversificação: permitem diversificar o portfólio de investimentos ao adicionar um componente ligado ao agronegócio, um setor importante da economia brasileira.
- Isenção de IR para pessoa física: investimentos em CRAs são isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas, se o prazo da aplicação for igual ou superior a 90 dias.
Quais são as outras formas de investir no agronegócio?
Por fim, para quem deseja aumentar a exposição ao agronegócio, além dos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), existem outras formas de investir. São elas:
1 - Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs): títulos emitidos por instituições financeiras para financiar atividades do agronegócio. Oferecem isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas e seguem a mesma mecânica de rentabilidade dos CRAs, contando ainda com a cobertura do FGC.
2 - Fundos de Investimento em Agronegócio (Fiagro): Fundos de Investimentos que aplicam seus recursos em atividades relacionadas ao agronegócio, como produção agrícola, agroindústria, entre outros. Podem oferecer diversificação, gestão profissional e renda passiva constante.
3 - Ações de empresas do agronegócio: investir em ações de empresas do setor agrícola, como produtoras de commodities agrícolas, empresas de fertilizantes, máquinas agrícolas, entre outras. As ações podem oferecer potencial de valorização e pagamento de dividendos.
4 - Investimento direto em propriedades rurais: mais trabalhoso e burocrático. Comprar terras agrícolas para arrendamento ou exploração direta requer conhecimento específico do mercado agrícola e da gestão de propriedades rurais.
Em conclusão, cada uma dessas formas de investimento no agronegócio apresenta características e riscos diferentes, permitindo aos investidores escolherem a alternativa que melhor se alinha com seus objetivos financeiros, prazo desejado, perfil de risco e estratégia de investimento.
Os instrumentos financeiros discutidos neste material podem não ser adequados para todos os investidores. Este material não leva em consideração os objetivos de investimento, situação financeira ou necessidades específicas de qualquer investidor. Qualquer informação contemplada neste material deve ser confirmada quanto às suas condições, antes da conclusão de qualquer negócio. Os investidores devem obter orientação financeira independente, com base em suas características pessoais, antes de tomar uma decisão de investimento. O Banco Santander (Brasil) S. A. (“Banco Santander”) não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas e se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste material ou seu conteúdo.