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Atendimento domiciliar no semiárido potiguar

Com o Serviço Domiciliar ao Idoso, pessoas idosas de Apodi (RN) têm a oferta de atendimentos personalizados de saúde e assistência social em casa.

Beneficiária do projeto mostra desenho feito em um dos grupos socioeducativos destinados ao fortalecimento de vínculos familiares. 

Cleomária Alves é técnica em enfermagem e já viu muita coisa em seus seis anos de profissão. Porém, poucas situações levaram a técnica, atualmente integrante da equipe do SADI (Serviço de Atenção Domiciliar ao Idoso) de Apodi (RN), às lágrimas. Um desses momentos aconteceu quando Cleomária teve contato com Seu Aristides*, apodiense de 80 anos de idade, que vivia com sua filha adotiva. “Nós realizamos visitas, mas ela não atendia, não queria nos receber. Continuamos a tentar, e, quando finalmente conseguimos, o que encontramos foi um idoso negligenciado: seu quarto tinha um cheiro muito forte de urina. A filha não oferecia as mínimas condições de higiene para ele, que vivia sujo, sem banho”, lembra.

Seu Aristides tem as duas pernas amputadas. Sem condições de locomoção, vivia trancado em um quarto, sem acesso ao restante da residência. Somente depois de uma ação conjunta do SADI com o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) de Apodi, foi realizada uma intervenção, que possibilitou o atendimento em domicílio. Cleomária limpou o corpo e as feridas do idoso, ajudando a trazer o sorriso e a dignidade de Seu Aristides de volta.

Emocionada, ela se diz aliviada em saber que, agora, ele vive com uma sobrinha em Mossoró (RN), onde recebe os devidos cuidados.

Localizada no semiárido potiguar, Apodi tem uma população de aproximadamente 35 mil habitantes. Ainda que os setores de serviços e indústria representem quase 75% do PIB da cidade, é da agricultura que a maior parte dos cidadãos tira seu sustento: o cultivo de melão é a atividade mais exercida entre os trabalhadores de Apodi. A principal fonte de renda cobra um preço. “A vida do agricultor é exigente em termos físicos e isso faz com que muitos deles cheguem à terceira idade com a saúde comprometida e sem acesso a atendimento médico especializado, seja por motivos de locomoção ou por falta de mobilidade”, explica Cleomária.

Criado em 2015, o Serviço de Atenção Domiciliar ao Idoso (SADI) realiza atendimentos socioassistenciais e de saúde para a terceira idade apodiense, tanto na zona urbana quanto na rural, promovendo, assim, os direitos dessa população e melhorando a qualidade de vida dos beneficiários e de suas famílias.

A iniciativa é fruto de um diagnóstico social realizado em 2014, que identificou a necessidade de um atendimento mais especializado para a população idosa. “O diagnóstico indicou um número elevado de idosos em Apodi que precisavam de atendimento domiciliar”, comenta Maria da Saúde, assistente social do SADI. Assim, inspirados pelo programa “Melhor em Casa”, do Governo Federal, foi elaborado um projeto que contemplou 20 idosos. Os resultados alcançados foram extremamente positivos e, no ano seguinte, foi criado o PADI (Programa de Atenção Domiciliar ao Idoso), que mais tarde passou a se chamar Serviço de Atenção Domiciliar ao Idoso (SADI), ancorado à Secretaria de Assistência Social do município.

Como funciona o projeto

Seu Raimundo Bernardo da Costa, um dos beneficiários da iniciativa, recebe atendimento de fisioterapia em sua casa.  

“Antes de colocarmos em prática as nossas atividades, montamos dinâmicas para fazer com que os idosos se movimentem mais, porque eles passam muito tempo em suas residências e isso afeta muito a sua locomoção”, relata Cícero Silva. Além disso, nos momentos de convivência, também é estimulada a contação de história entre os participantes, não apenas como uma maneira de exercitar a memória, mas também como uma forma de manter viva suas tradições.

Afinal, em populações nas quais a cultura é passada de forma oral, os idosos possuem um papel fundamental em sua preservação. “Os idosos dentro das aldeias são respeitados e eles têm autonomia e também autoridade em relação aos jovens”, explica Ozana. “A figura do nosso pajé, por exemplo, é uma referência de sabedoria e autoridade, inclusive por conta de ter mais idade e, consequentemente, mais conhecimento”, completa.

Continuidade e próximos passos

Por ter se formalizado em serviço, a iniciativa já está inserida no plano plurianual de Apodi. Com isso, a equipe espera que, a partir de 2023, o SADI passe a ter recursos financeiros garantidos pelo plano, oriundos do Fundo Municipal do Idoso. “Hoje, o SADI é um programa ancorado à assistência social, mas nossa intenção é que ele se torne uma política da secretaria de saúde, que seja parte do SUS do município”, comenta Maria da Saúde.

As capacitações ministradas pelo Parceiro do Idoso foram determinantes para que a equipe do projeto construísse os caminhos para garantir a continuidade da iniciativa. “As capacitações são vitais para o desenvolvimento do programa, principalmente para entendermos o que precisamos fazer para que tenhamos boas práticas de gestão, buscando sempre a sustentabilidade do serviço”, diz a coordenadora.

Outro ponto de destaque é a popularidade do programa junto à população. Segundo a equipe, os apodienses estão cada vez mais conscientes de seu dever de cuidar dos mais vulneráveis. O caso de Seu Aristides, por exemplo, só chegou ao Serviço por meio da denúncia de vizinhos. Assim, fortalecendo laços comunitários, resgatando a dignidade de seus beneficiários e articulando parcerias, o Serviço de Atenção Domiciliar ao Idoso de Apodi segue garantindo direitos e transformando vidas.

* Nome fictício dado para preservar a identidade do idoso.