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Santander

Caravana por direitos no semiárido nordestino

Com o projeto Caravana + Cidadania, os idosos da zona rural de Picuí (PB) recebem atendimento domiciliar multiprofissional, melhorando sua qualidade de vida

Gnaldo Júnior, profissional de educação física, e Manuel Severino dos Santos, beneficiário do projeto.

Há alguns anos, Picuí, município de cerca de 19 mil habitantes localizado a 226 km de João Pessoa, é reconhecido pela qualidade da assistência social oferecida à pessoa idosa. No entanto, ainda eram necessários alguns avanços: contando com uma ampla estrutura de atendimento, faltava garantir o serviço a todos os idosos da zona rural.

Para endereçar essa demanda, foi criado o projeto “Caravana + Cidadania para Idosos do Campo”, vinculado à Secretaria de Assistência Social da cidade. A iniciativa foi elaborada a partir de um levantamento realizado pela Vigilância Socioassistencial de Picuí, que mapeou pessoas idosas que não eram atingidas pelo serviço socioassistencial do município, por residirem em regiões afastadas. “Uma vez realizado o mapeamento, o projeto começou sua ação por meio de uma busca ativa no domicílio desses idosos e suas famílias, investigando possíveis violações de direitos e vulnerabilidade”, conta a coordenadora do projeto Caravana, Thaís Araújo.

Com o tempo, foi-se percebendo casos de isolamento involuntário e quadros de depressão ligados a essa e outras violações de direito, além de famílias sobrecarregadas com o trabalho de cuidar das pessoas idosas com problemas de saúde e em situação de drogadição. As visitas preliminares foram fundamentais para descobrir a melhor maneira de levar a assistência necessária até eles, como relata Rosiene de Moraes, assistente social da iniciativa: “Nossas visitas são feitas sempre com orientações e encaminhamentos. A partir da observação e da escuta, nós descobrimos questões como o isolamento social, os maus-tratos, problemas financeiros e de saúde”.

Severina Ferreira de Assis, a Dona Vina, de 64 anos, é um exemplo de como a Caravana muda vidas. A idosa vive na zona rural de Picuí com o marido, um agricultor aposentado. “A Caravana mudou a nossa vida. Hoje eu me sinto muito bem, porque a gente sai da rotina de trabalho, adquire conhecimento. Nós vivíamos só na luta da lida diária, o projeto veio mudar isso. Com as atividades a gente tira muita coisa da cabeça, vive uma vida mais feliz”, conta Dona Vina, que participa do projeto fazendo oficinas de crochê e praticando exercícios físicos ao lado do marido.

Uma vez cadastrados no projeto, os idosos recebem uma visita domiciliar da equipe multiprofissional — constituída por uma assistente social, uma psicóloga, uma artesã e um educador físico — a cada quinze dias. A equipe atende aos idosos de diversas formas, por meio de uma abordagem que procura trabalhar o estímulo à cognição, às atividades manuais e físicas, a prevenção de doenças, o acolhimento e a socialização, além de ser responsável por fornecer informações sobre os direitos da pessoa idosa e realizar encaminhamentos junto aos órgãos municipais competentes. “As visitas seguem um planejamento de atividades, porém levamos em consideração a particularidade de cada idoso e de cada família participante”, comenta Maria Januário, psicóloga do projeto Caravana.

A assistência se estende também à família dos idosos, que geralmente está sobrecarregada com as atividades diárias. Assim, não apenas a saúde, o bem-estar e os direitos dos idosos são trabalhados, mas também o fortalecimento de vínculos familiares. Atualmente, a Caravana trabalha com 60 idosos, 30 na comunidade de Lajedo Grande e 30 na comunidade da Quixaba, regiões ermas do município de Picuí. “No ano que vem, queremos levar o projeto para outras comunidades também”, afirma Keiles Lucena, secretária da assistência social do município e coordenadora de despesas do projeto.

Maria Aparecida Januário, psicóloga do Caravana + Cidadania, em visita domiciliar ao beneficiário Luis Silvestre Silva

Além dos planos de chegar a outras comunidades da zona rural de Picuí, a Caravana também se prepara para garantir suas ações no longo prazo: “As capacitações oferecidas pelo Parceiro do Idoso foram muito importantes para nos conscientizarmos sobre como garantir a continuidade do projeto após o fim do ciclo de apoio”, explica Keiles.

A inclusão do projeto na agenda de políticas públicas de Picuí é mais um fator que irá, passo após passo, fortalecer o cuidado com as pessoas idosas no município, não importa o quão distante elas estejam localizadas.

"De certa forma, este projeto é uma maneira de retribuir aos idosos de nossa comunidade o muito que já fizeram por nós, quebrando o ciclo de vulnerabilidade ao qual essas pessoas foram expostas. Se nós podemos fazer tanto hoje, é por conta do que eles fizeram por nós, no passado"

Keiles Lucena

Secretária da assistência social de Picuí e coordenadora de despesas do projeto