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Santander

Atendimento domiciliar no semiárido para a terceira idade

Com o Programa de Apoio Psicossocial ao Idoso (PAPI), as pessoas idosas de Umarizal (RN) recebem atendimento assistencial e de saúde em casa

A equipe do projeto em divulgação de campanha de prevenção da violência contra pessoas idosas.

Umarizal, pequena cidade no semiárido potiguar, recebeu esse nome em referência à grande quantidade de umarizeiros em seu território. A espécie é conhecida como “a árvore que verte água” ou “a árvore que chora”, pois chega a molhar o solo debaixo de sua copa com o gotejamento de seus brotos. Mas em meio à caatinga, não é somente a natureza que demonstra resiliência: quem ouve a história de Dona Inez*, de 86 anos, se surpreende com sua força e capacidade de recuperação após ser resgatada de uma situação de negligência pela equipe do PAPI (Programa de Apoio Psicossocial ao Idoso). Após denúncia feita por um agente comunitário de saúde, ela foi encontrada com o corpo coberto de feridas, em um local sem as mínimas condições de higiene. A violação era cometida por seu próprio filho, que se recusava a dar a ela os cuidados mais básicos.

As distâncias territoriais no interior do município dificultam o acesso da população a serviços básicos e, juntamente com as crianças, os idosos são os mais prejudicados com a situação. Pensando no enfrentamento dessa questão, surgiu o Programa de Apoio Psicossocial ao Idoso (PAPI) de Umarizal, que, pela primeira vez, tem um projeto social contemplado pelo Parceiro do Idoso.

O PAPI na prática

O PAPI tem como principal objetivo reduzir problemas de saúde ou de risco psicossocial entre os idosos de Umarizal. Para isso, realiza visitas domiciliares, oferecendo atendimento multiprofissional que inclui psicólogo, fisioterapeuta, técnica de enfermagem, nutricionista e assistente social.

Há dois anos, a Secretaria de Assistência Social e Habitação de Umarizal realizou um levantamento de casos de idosos em situação de maus-tratos, expostos à violência ou com problemas de saúde. Com o diagnóstico, entrou em contato com o Conselho Municipal do Idoso do município, que tomou conhecimento da necessidade de implantação do atendimento domiciliar e apoiou a criação do PAPI.

No início, o projeto cadastrou os idosos por meio de uma busca ativa feita em parceria com agentes de saúde e a Pastoral do Idoso. Uma vez cadastrados, a equipe avaliou as necessidades específicas de cada beneficiário e elaborou um protocolo de atendimento personalizado.

"Com a pandemia, muitos idosos ficaram ainda mais reclusos em casa, o que acarretou em diversos problemas de saúde física e mental. Com nossa equipe multiprofissional, conseguimos atender a pessoa idosa tanto com serviços de assistência social quanto de saúde."

Lucas Medeiros

psicólogo do PAPI

Uma vida digna para quem ajudou a construir o presente

Inicialmente, o PAPI foi criado para atuar durante um ano, mas sua equipe trabalha para que a iniciativa tenha continuidade: “Nós esperamos que, com o sucesso do projeto, caso haja interesse do município, ele possa continuar e, quem sabe, transformar-se em uma política pública”, acrescenta Lucas.

Esse potencial foi despertado durante as capacitações técnicas oferecidas pelo Parceiro do Idoso, desenvolvidas para instrumentalizar as equipes dos projetos, de forma que as iniciativas estejam alinhadas com as melhores diretrizes em políticas públicas e tenham sua sustentabilidade financeira garantida. “As capacitações foram muito importantes, porque trataram da parte de planejamento, controle de caixa e de como buscar novas parcerias”, explica Dyana Amorim, assistente social e coordenadora do PAPI.

Os dados reforçam a relevância da iniciativa para os idosos de Umarizal: atualmente, o programa contempla 100 pessoas — sua capacidade máxima de atendimento — e já conta com fila de espera. De março a setembro de 2022, foram realizadas mais de mil visitas domiciliares, que levaram serviços assistenciais e de saúde essenciais para a vida e a dignidade da população idosa.

O caso de Dona Inez é emblemático entre tantas histórias de transformação possibilitadas pelo PAPI. A partir do momento em que ela foi encontrada sem os devidos cuidados, foi elaborado um plano de atendimento de saúde física e mental. Pouco a pouco, Inez começou a reagir, melhorando tanto o seu quadro de saúde quanto o seu humor. “Hoje, eu digo que ela só está viva por conta da gente, porque nós abraçamos a causa dela quando ninguém mais pôde”, conta a coordenadora, que se emociona ao lembrar da frase dita pela idosa após receber alta médica: “não me abandonem, continuem comigo”.

O filho segue vivendo com a mãe, mas agora já não existe negligência na casa da família. “As pessoas, mesmo que por pressão, por medo de serem denunciadas, passam a cuidar bem dos idosos após as visitas do projeto. Nós voltamos à casa da Dona Inez e o filho agora cuida dela como deveria ter feito desde sempre. Para nós, não importa o motivo dessa mudança de atitude, e sim que ela realmente aconteceu”, comenta Kaliana Medeiros, presidente do Conselho do Idoso de Umarizal.

* Nome fictício, usado para preservar a imagem da idosa.